quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A comunicação visual e a década da internet

Se o jornalismo e a forma de se comunicar mudaram na última década, grande parte dessa mudança pode ser atribuída ao desenvolvimento do jornalismo visual. O tratamento e o cuidado dados à apresentação visual da informação ganharam mais importância. As palavras dividem cada vez mais espaço com vídeos, imagens estáticas, gráficos animados ou outras compilações gráficas de dados de interesse público.

O diretor de arte do The New York Times (@nytimes), Steve Duenes, figura que há anos trabalha com comunicação na internet, diz que não há nada de errado com a visualização puramente artística dos dados, desde que isso não atrapalhe a compreensão da informação a ser passada. “Os leitores internalizaram todos os tipos de metáforas visuais, e esperam que sempre venha algum tipo de explicação visual para um fato”, diz Duenes. Mapas, infografias ou diagramas podem ser ferramentas poderosas na hora de comunicar um fato. “A proliferação dos dados e das ferramentas que ajudam na visualização deles provavelmente contribuiu para a ascensão do jornalismo visual”, afirma o diretor do NYT.



A partir do momento que ficou claro que a internet estava se transformando no principal veículo de comunicação, o uso de diferentes mídias para informar acabou tornando-se natural. Para Geoff Mcghee, jornalista que durante anos trabalhou em redações importantes como a do jornal francês Le Monde (@lemondefr), e que também já foi chefe do departamento de multimídia doNYT, os gráficos ilustrativos ou em forma de diagrama sempre foram muito efetivos em reportar matérias que levantam perguntas do tipo “como funciona”. De alguns anos para cá, porém, a complexidade de alguns assuntos mais abstratos exigiu que uma forma visual de comunicação fosse pensada na web.

“Os infográficos são e continuarão a ser extremamente poderosos e importantes. E a adição de animação e de interatividade a eles - transformá-los em jogos, por exemplo - significa que as pessoas podem criar suas próprias experiências a partir de gráficos complexos, tirando daquela forma de comunicação visual o que for mais relevante para elas”, afirma Mcghee.

Texto, foto, áudio, informação gráfica e vídeo são todos elementos de informação distintos. Cada um desempenha, de maneira diferente, com características únicas, seu papel de informar o leitor. Isso não significa, no entanto, que algum deles precise ser suplantado da estratégia final de comunicação.

“É benéfico, para o leitor, que o jornalista use todas as mídias. Usar apenas um elemento é o mesmo que limitar a visibilidade da história. Fotografias e infografia são enriquecidas pelo texto assim como o texto é enriquecido por ambas. Enquanto cada uma dessas formas pode cumprir seu papel [de informar] sozinhas, o usuário tem uma experiência sensorial completa da história quando todas são colocadas juntas”, diz Thomas Kennedy, ex-diretor de Multimídia doWashington Post (@washingtonpost) e professor de jornalismo visual da Universidade da Siracusa.

Estruturalmente, o jornalismo mudou nesses dez anos e continua mudando. A crise dos jornais impressos é um sintoma. Além disso, o mercado, hoje, já admite que não basta mais o jornalista saber simplesmente escrever. Apesar de ter virado quase que um jargão nas escolas de comunicação em todo o mundo, esse profissional precisa ser “multimídia” e precisa começar a agregar outros elementos informativos ao texto. Gumersindo Lafuente, diretor do diário espanhol El País (@el_pais), defende restruturações em todas as redações. “A web nos facilita muito o acesso à informação. Mas ela também afeta o desenvolvimento dessa informação, porque os leitores podem interagir com seus comentários ou trazer novos dados”, afirma.

Fonte: Revista Época

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